Quando o assunto é saúde íntima, ainda existe muito tabu e desinformação. Muitas mulheres só descobrem que têm uma lesão no colo do útero quando fazem um exame de rotina, como o papanicolau, e acabam sendo pegas de surpresa. O termo “lesão” já assusta logo de cara, mas nem sempre significa algo grave. Mesmo assim, é preciso atenção.

Lesões nessa região podem ser causadas por várias coisas: infecções, inflamações, traumas ou até alterações que, com o tempo, se transformam em câncer de colo do útero, um dos tipos mais comuns entre mulheres no Brasil. O problema é que na maioria das vezes não apresenta sintomas no início, e isso dificulta o diagnóstico precoce.

Neste artigo, vamos te explicar quais são os sinais de alerta, o que causa essas lesões, como elas são classificadas, além de abordar os cuidados e tratamentos mais indicados. Tudo com uma linguagem simples, direta, como se fosse uma conversa mesmo. Porque quando o assunto é saúde, não dá pra brincar.

O que é o colo do útero?

Antes de entender o problema, é bom saber onde ele acontece.

O colo do útero é a parte final do útero que se conecta com a vagina. Ele funciona como uma porta de entrada e saída. Durante a menstruação, é por ali que o sangue passa. No parto, se dilata para o bebê nascer. E é ali também que o papanicolau coleta células para identificar possíveis lesões.

O que é uma lesão no colo do útero?

Lesão no colo do útero é qualquer alteração anormal nas células que revestem essa região. Essas alterações podem ser leves ou graves, dependendo do grau da lesão e do que está por trás dela.

Existem dois tipos principais de lesões:

  • Lesão de baixo grau: são alterações leves, geralmente causadas por infecções como o HPV. Muitas vezes desaparecem sozinhas com o tempo.
  • Lesão de alto grau: alterações mais sérias, que podem evoluir para o câncer se não forem tratadas.

Por isso o diagnóstico precoce é fundamental. Descobrir a lesão no início aumenta muito as chances de tratamento e cura.

Quais são os principais sintomas de uma lesão no colo do útero?

Esse é o ponto mais traiçoeiro. A maioria das lesões é silenciosa.

Mas quando há sintomas, eles costumam ser:

  • Sangramento fora do período menstrual

  • Sangramento durante ou após a relação sexual

  • Corrimento com odor forte ou coloração anormal

  • Dor pélvica constante

  • Desconforto na hora do sexo

Se você percebe qualquer um desses sinais, é fundamental procurar um ginecologista. Mesmo que pareça algo bobo, a prevenção pode salvar vidas.

O que causa uma lesão no colo do útero?

Várias condições podem levar ao surgimento de lesões. Algumas são mais comuns do que imaginamos:

1. Infecção por HPV

O vírus HPV (Papilomavírus Humano) é a causa mais frequente de lesões no colo do útero. Existem mais de 100 tipos de HPV, e muitos deles são sexualmente transmissíveis.

Alguns tipos de HPV causam verrugas genitais, outros afetam diretamente o colo do útero. Os tipos mais perigosos são os oncogênicos, ou seja, com potencial de causar câncer.

2. Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

Além do HPV, outras ISTs como clamídia, gonorreia e herpes também podem agredir a mucosa do colo do útero e provocar inflamações e alterações celulares.

3. Inflamações crônicas

A cervicite, que é a inflamação do colo do útero, pode ser provocada por bactérias, fungos ou desequilíbrios na flora vaginal. Quando ela se torna crônica, pode causar lesões.

4. Traumas ou lesões físicas

Relações sexuais muito intensas, uso indevido de absorventes internos, duchas vaginais frequentes ou até o uso prolongado de DIU (sem acompanhamento médico) podem gerar microlesões na região.

5. Baixa imunidade

Quando o sistema imunológico está fragilizado, o corpo tem mais dificuldade de combater vírus e bactérias, o que pode permitir a evolução de lesões.

6. Fumo

Mulheres fumantes têm maior risco de desenvolver lesões cervicais. A presença de substâncias tóxicas do cigarro afeta a resposta imunológica local, favorecendo o aparecimento de lesões.

Como é feito o diagnóstico?

O primeiro passo para detectar uma lesão é fazer o famoso exame papanicolau, também conhecido como citologia oncótica.

Se o resultado vier alterado, o ginecologista pode solicitar exames complementares, como:

  • Colposcopia: exame que permite observar com detalhes o colo do útero com uma lente de aumento.
  • Biópsia do colo uterino: retirada de uma pequena amostra de tecido para análise.
  • Teste de DNA do HPV: identifica se há infecção pelo vírus e qual tipo.

Lesão no colo do útero pode virar câncer?

Sim, mas nem toda lesão vira câncer. O risco existe principalmente nas lesões de alto grau e quando elas não são acompanhadas ou tratadas corretamente.

O câncer de colo do útero é um dos poucos tipos de câncer que pode ser evitado quase totalmente com prevenção, como:

  • Fazer o papanicolau regularmente
  • Usar preservativo nas relações sexuais
  • Tomar a vacina contra o HPV

A vacina, inclusive, é uma das maiores aliadas na luta contra esse tipo de câncer e está disponível gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos a partir dos 9 anos.

Existe tratamento para lesão no colo do útero?

Sim, e o tipo de tratamento depende do grau da lesão. Entre os mais comuns estão:

  • Acompanhamento clínico com exames regulares, em casos de lesões leves
  • Medicamentos tópicos ou antibióticos, se houver infecção associada
  • Cauterização do colo do útero, para eliminar as células alteradas
  • Cirurgias pequenas, como a conização (remoção de um pedaço do colo)

O importante é seguir direitinho as recomendações médicas, pois quando o tratamento é feito no tempo certo, a chance de cura é altíssima.

Dá pra prevenir?

Dá, sim. E a prevenção ainda é o melhor remédio. Veja algumas dicas simples que fazem toda a diferença:

Práticas de prevenção:

  • Faça o papanicolau a cada ano ou conforme orientação médica

  • Vacine-se contra o HPV

  • Use camisinha em todas as relações sexuais

  • Evite fumar

  • Tenha uma alimentação que fortaleça o sistema imunológico

  • Mantenha sua saúde ginecológica em dia

Mitos que atrapalham

Infelizmente, ainda circulam muitos mitos sobre o assunto. Vamos quebrar alguns deles:

  • “Lesão no útero é sempre câncer” → Errado

  • “Se não sinto nada, tá tudo certo” → Errado

  • “Só quem tem muitos parceiros pode ter lesão” → Errado

  • “A vacina contra HPV é só pra quem já começou a vida sexual” → Errado

Ficar mal informada pode te colocar em risco. Então busque conhecimento confiável, tire dúvidas com profissionais da saúde e cuide-se.

Quando procurar um médico?

Sempre que:

  • Houver sangramentos fora do comum
  • Aparecer um corrimento diferente
  • Você sentir dor durante o sexo
  • Estiver com dúvidas sobre o resultado de algum exame

Mesmo que pareça algo simples, não deixe pra depois. A saúde do seu útero importa e merece atenção.

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