A palavra histerectomia pode assustar à primeira vista. Afinal, ela carrega junto uma ideia de mudança drástica. Esse procedimento, que consiste na retirada do útero, costuma deixar muitas dúvidas na cabeça das mulheres: “Vou sentir falta do útero?”, “Minha vida vai mudar muito?”, “E o sexo, como fica?”
Essas perguntas são super válidas, e neste guia vamos responder de forma clara, sem enrolação e com uma linguagem que todo mundo entende. Se você passou por uma histerectomia, vai passar ou conhece alguém nessa situação, esse texto é pra você.
O que é histerectomia e por que ela é feita?
Antes de falar das mudanças, é importante entender o que realmente é a histerectomia. De forma simples, é uma cirurgia onde o médico retira o útero da mulher. Em alguns casos, são retirados também os ovários e as trompas. Depende do motivo e da extensão do problema.
As causas mais comuns que levam à histerectomia são:
- Miomas uterinos grandes ou múltiplos
- Câncer de colo do útero, endométrio ou ovários
- Endometriose severa
- Prolapso uterino (quando o útero “desce”)
- Hemorragias constantes que não melhoram com tratamento
- Dor pélvica crônica sem outra solução
Depois da cirurgia, o corpo passa por uma adaptação. E essa adaptação pode variar bastante de mulher pra mulher.
O que muda no corpo da mulher após a retirada do útero?
Vamos direto ao ponto: o corpo sente, sim, mas nem sempre da forma que as pessoas imaginam. Tem mulher que sente mudanças logo no começo, enquanto outras só percebem mais tarde.
As principais mudanças podem incluir:
- Fim da menstruação: sem útero, não tem mais como menstruar. Isso pode ser um alívio para quem sofria com sangramentos intensos.
- Impossibilidade de engravidar: como o útero é essencial na gestação, a mulher não poderá mais gerar filhos.
- Sensação de vazio ou perda: algumas mulheres sentem como se tivessem “perdido uma parte de si”. Isso é mais emocional do que físico, mas é importante.
- Mudanças hormonais: se os ovários forem retirados junto com o útero, o corpo entra numa menopausa imediata, com todos os sintomas de uma menopausa natural.
- Variações no desejo sexual: pode aumentar, diminuir ou até melhorar a experiência, dependendo de cada caso.
O lado emocional: nem sempre visível, mas real
A parte emocional costuma ser ignorada por muita gente, mas ela pesa — e muito. A mulher pode ter sentimentos contraditórios após a cirurgia.
Sentimentos comuns no pós-operatório:
- Alívio por ter resolvido um problema de saúde
- Tristeza por não poder mais ter filhos
- Dúvidas sobre feminilidade e autoestima
- Medo de como será a vida sexual
- Ansiedade com as mudanças no corpo
Isso não significa que toda mulher vai passar por isso. Mas é essencial ter espaço para conversar, se abrir, buscar psicoterapia se necessário e, acima de tudo, se respeitar nesse processo.
O que acontece com a libido e a vida sexual?
Essa é uma das dúvidas mais faladas: e o sexo, muda? A resposta é: depende do caso.
O que pode acontecer:
- Se os ovários forem preservados, a libido geralmente se mantém estável.
- Se forem retirados, a queda nos hormônios pode afetar o desejo sexual. Mas isso pode ser tratado com reposição hormonal ou tratamentos naturais.
- Algumas mulheres relatam melhora na vida sexual, por não sentirem mais dor ou desconforto durante o sexo.
- Outras relatam diminuição da sensibilidade, mas isso também varia bastante.
A comunicação com o parceiro ou parceira e com o médico é essencial. Se houver alguma dificuldade, existem ginecologistas especializados em sexualidade feminina que podem ajudar muito.
A mulher ainda é a mesma?
Sim. Sem sombra de dúvida. Ter ou não o útero não define a feminilidade de ninguém.
O que muda é o corpo, talvez o funcionamento de alguns hormônios, a forma de ver a si mesma. Mas a essência continua. Muitas mulheres descobrem uma nova força depois da histerectomia. Aprendem a se cuidar mais, a ouvir o próprio corpo e a respeitar seus limites.
Pós-operatório: como é a recuperação?
O tempo de recuperação depende do tipo de cirurgia feita: pode ser aberta (corte na barriga), laparoscópica (pequenos furinhos) ou vaginal. Mas, em geral, o processo exige paciência e autocuidado.
Principais cuidados durante a recuperação:
- Evitar esforço físico nos primeiros 30 a 45 dias
- Não pegar peso nem dirigir no início
- Nada de relações sexuais até liberação médica
- Alimentação leve, com fibras e bastante água
- Usar roupas leves e confortáveis
- Dormir bem e evitar estresse
O tempo pra voltar à rotina normal varia, mas costuma ser de 6 a 8 semanas. Respeitar esse tempo é essencial para evitar complicações.
Pode engordar depois da histerectomia?
Outra preocupação muito comum. A histerectomia em si não engorda, mas as mudanças hormonais podem influenciar o metabolismo, especialmente se os ovários forem retirados. E junto disso, vem:
- Menor disposição pra se exercitar
- Retenção de líquidos
- Aumento do apetite
- Alterações no humor
Por isso, é importante manter um estilo de vida saudável depois da cirurgia. Caminhar, comer bem, beber bastante água, dormir direitinho. Tudo isso ajuda o corpo a se adaptar melhor.
E a reposição hormonal, é obrigatória?
Não é obrigatória. Mas pode ser indicada em alguns casos, principalmente quando os ovários também são retirados. A falta de estrogênio e progesterona pode trazer sintomas como:
- Calores
- Irritabilidade
- Insônia
- Secura vaginal
- Queda de libido
- Tristeza sem motivo
Se isso acontecer, o ginecologista pode indicar reposição hormonal, fitoterápicos, cremes, ou alternativas naturais. Cada mulher é diferente e deve ser tratada como única.
Dicas para lidar com as mudanças
Pra fechar, algumas dicas simples mas que fazem toda diferença na vida de quem passou por uma histerectomia:
- Converse com outras mulheres que passaram por isso
- Não tenha vergonha de buscar apoio emocional
- Respeite seu tempo
- Se olhe no espelho com carinho
- Aceite as mudanças do seu corpo sem pressa
- Valorize sua saúde em primeiro lugar
Você não perdeu nada. Você ganhou uma nova chance de viver com mais qualidade, sem dor, sem sangramentos e com mais tranquilidade.
