Nem toda mulher sabe ao certo o que é uma histerectomia, e muito menos por que esse procedimento pode se tornar necessário. Para algumas, essa cirurgia surge como última opção depois de muita dor, desconforto ou riscos sérios à saúde. Para outras, é uma escolha bem pensada, muitas vezes libertadora, especialmente quando certos problemas ginecológicos afetam diretamente a qualidade de vida.

Histerectomia é o nome dado à cirurgia para retirada do útero, e em alguns casos, também das trompas e ovários. O que leva uma mulher a passar por esse procedimento envolve uma série de fatores — desde doenças crônicas até situações mais emergenciais.

Neste artigo, vamos explicar de forma simples e direta o que leva uma mulher a fazer uma histerectomia, quais são os principais motivos médicos, os tipos de histerectomia, e como é a recuperação. Tudo com uma linguagem acessível, humana, realista e sem complicações técnicas exageradas.

O que é histerectomia exatamente?

Antes de falar dos motivos, é importante entender o que envolve essa cirurgia.

Histerectomia é o procedimento cirúrgico que remove o útero, órgão responsável por abrigar o bebê durante a gestação. Ao ser retirado, a mulher não poderá mais engravidar. Dependendo do tipo de cirurgia, também podem ser removidos os ovários e as trompas.

É um procedimento considerado seguro, embora seja invasivo e com um tempo de recuperação que exige cuidados. Em muitos casos, a cirurgia é feita por vídeo (laparoscópica), mas ainda há situações em que ela precisa ser feita por via abdominal ou vaginal.

Motivos mais comuns para se fazer uma histerectomia

Essa decisão não é tomada de um dia para o outro. Médicos só recomendam a histerectomia após outras tentativas de tratamento não terem dado certo ou em situações graves. Veja os principais motivos:

1. Miomas uterinos

Os miomas são tumores benignos que crescem no útero. Na maioria das vezes, não causam sintomas graves. Mas em alguns casos eles provocam:

  • Sangramentos intensos e irregulares
  • Cólica fora do comum
  • Inchaço abdominal
  • Pressão na bexiga
  • Dificuldade para engravidar

Quando os miomas crescem demais ou não respondem ao tratamento clínico, a histerectomia é indicada.

2. Endometriose profunda

A endometriose é uma doença em que o tecido que deveria crescer apenas dentro do útero se espalha para fora dele. Dependendo do grau, ela pode atingir intestinos, bexiga e ovários, causando:

  • Dor intensa na menstruação
  • Desconforto ao evacuar ou urinar
  • Dor durante a relação sexual
  • Infertilidade

Quando a dor é insuportável e os tratamentos hormonais não resolvem, muitas mulheres optam pela histerectomia como alívio.

3. Adenomiose

A adenomiose é parecida com a endometriose, mas o tecido cresce dentro da parede do útero, tornando-o mais espesso. Os sintomas mais comuns incluem:

  • Sangramento menstrual pesado
  • Cólica severa
  • Aumento do volume do útero

A histerectomia costuma ser a solução definitiva nesses casos.

4. Câncer ginecológico

Casos de câncer de útero, ovário ou colo do útero podem exigir a retirada do útero total ou parcialmente. Essa cirurgia é feita para:

  • Evitar que o câncer se espalhe
  • Remover o tumor com segurança
  • Aumentar as chances de cura

Nesses casos, a histerectomia é feita com urgência, e geralmente acompanhada de quimioterapia ou radioterapia.

5. Prolapso uterino

Quando o útero “desce” da posição original e invade a vagina, chamamos isso de prolapso uterino. Acontece mais em mulheres que:

  • Já tiveram múltiplos partos
  • Estão na menopausa
  • Têm enfraquecimento do assoalho pélvico

Se o prolapso causa dor, incontinência ou desconforto severo, a histerectomia pode ser indicada.

6. Sangramentos sem causa aparente

Existem casos em que a mulher sangra fora do ciclo por meses e nenhum exame detecta o motivo. Se isso compromete a qualidade de vida e causa anemia crônica, os médicos podem recomendar a retirada do útero.

Tipos de histerectomia

Nem todas as histerectomias são iguais. A escolha do tipo depende do diagnóstico, da idade da paciente e da extensão do problema. Os principais tipos são:

Histerectomia total

  • Remove o útero e o colo do útero.
  • Mais comum entre os casos de mioma e câncer.
  • Evita qualquer risco futuro no colo uterino.

Histerectomia subtotal (ou parcial)

  • Remove apenas o corpo do útero, preservando o colo.
  • Menos invasiva, com recuperação mais rápida.
  • Ainda exige acompanhamento ginecológico.

Histerectomia radical

  • Remove útero, colo, parte da vagina e tecidos próximos.
  • Indicada em casos graves de câncer.
  • Mais complexa e com tempo maior de recuperação.

Com ou sem retirada de ovários?

Quando os ovários são retirados junto com o útero, o corpo entra imediatamente na menopausa. Isso porque os ovários são responsáveis pela produção dos hormônios femininos. Em mulheres mais jovens, os médicos costumam manter os ovários, quando possível.

Como é o pós-operatório da histerectomia?

A recuperação depende muito do tipo de cirurgia. Em geral:

  • Cirurgias por vídeo exigem 2 a 4 semanas de repouso
  • Cirurgias abertas podem precisar de até 6 semanas
  • A dor é controlada com analgésicos
  • Atividades físicas são retomadas aos poucos
  • Relações sexuais devem ser evitadas por pelo menos 6 semanas

É fundamental seguir as orientações médicas à risca para evitar complicações como infecção, sangramento ou trombose.

Impactos emocionais e hormonais

Além do físico, a histerectomia também pode mexer com o psicológico. Muitas mulheres relatam:

  • Medo de “perder a feminilidade”
  • Luto por não poder mais engravidar
  • Dúvidas sobre libido e prazer sexual
  • Insegurança na autoestima

Por isso, é importante ter apoio emocional e conversar com ginecologistas e psicólogos durante o processo. Quando os ovários são removidos, a reposição hormonal pode ser indicada para amenizar os efeitos da menopausa precoce.

A histerectomia é sempre a última opção?

Na maioria das vezes, sim. Médicos tentam evitar a cirurgia quando ainda existem chances de tratar o problema com medicamentos, hormônios ou outros procedimentos menos invasivos.

Mas em alguns casos, ela se torna a melhor alternativa, tanto pela gravidade quanto pelo alívio imediato dos sintomas. Muitas mulheres relatam que, depois da cirurgia, sentiram-se renascidas, com menos dor, mais liberdade e sem os sangramentos que as impediam de viver bem.

Quando conversar com o ginecologista?

Se você:

  • Sente dor pélvica constante
  • Tem sangramentos intensos e fora do comum
  • Está enfrentando infertilidade sem explicação
  • Já foi diagnosticada com mioma, endometriose ou adenomiose
  • Foi alertada sobre risco de câncer

É hora de conversar com um profissional de confiança. Somente ele poderá avaliar se a histerectomia é necessária ou se ainda há caminhos menos radicais.

A decisão deve ser respeitada

A histerectomia é uma cirurgia que muda a vida da mulher. E por isso mesmo, deve ser uma decisão informada, consciente e respeitada. Nenhuma mulher deve ser julgada por escolher cuidar do próprio corpo da maneira que considera melhor.

É hora de derrubar o tabu e falar mais abertamente sobre esse assunto. Quando existe dor, sofrimento ou riscos sérios, retirar o útero pode ser uma forma de recuperar a saúde, a autoestima e a liberdade.

Confira Também